DELIMITAÇÃO
TEMÁTICA
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Impactos causados
pela pandemia de COVID-19 na religião
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OBJETIVOS/CAPACIDADES
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Refletir sobre os impactos do COVID-19 na religião;
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CONTEÚDOS
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Reflexão sobre os impactos do COVID-19 na
religião;
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Comentários sobre os impactos do COVID-19 na
religião.
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ATIVIDADE/SITUAÇÃO 1 (60 min)
- Leitura do texto e logo após redigir um entendimento sobre as orientações de cada líder religioso. Ao final do texto deixe claro sua opinião em relação ao fechamento das igrejas e templos religiosos.
Os impactos de COVID-19 na religião.
A pandemia de COVID-19 impactou a religião de várias maneiras, incluindo o cancelamento dos cultos de várias religiões, o fechamento das escolas dominicais, e o cancelamento de peregrinações em torno de festas e festivais. Muitas igrejas, sinagogas, mesquitas e templos ofereceram adoração através da transmissão ao vivo em meio à pandemia. As uniões de alívio de organizações religiosas enviaram suprimentos de desinfecção, respiradores purificadores de ar, protetores faciais, luvas, reagentes de detecção de ácido nucléico de coronavírus, ventiladores, monitores de pacientes, bombas de seringa, bombas de infusão e alimentos para as áreas afetadas. Outras igrejas oferecem testes de COVID-19 gratuitos ao público. Adeptos de várias religiões se reuniram para orar pelo fim da pandemia do COVID-19, pelas pessoas afetadas por ela, bem como pela sabedoria dos médicos e cientistas no combate à doença. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump designou 15 de março de 2020 como um dia nacional de oração para "a mão curadora de Deus a ser colocada sobre o povo de nossa nação". E no Brasil o presidente Jair Bolsonaro convocou o dia de jejum, que aconteceu no dia 05 de abril de 2020, contra o novo coronavírus.
Texto de apoio disponível no endereço eletrônico: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-as-religioes-estao-lidando-com-a-pandemia-do-coronavirus/
Como as religiões estão lidando
com a pandemia do coronavírus
Por Rafael Salvi
Talvez a questão mais importante agora não
seja tanto como vamos sair dessa crise, mas quais lições tiraremos dela.
Epidemias,
guerras, fomes são flagelos que comumente nos pegam desprevenidos. Mesmo
aqueles que bradam “uma tragédia anunciada” só o fazem depois que ela já
aconteceu. A rotina tranquilizante com a qual carregamos indefinidamente nossos
problemas rompe-se e somos obrigados a mudar todos nossos hábitos para se
adequar a uma situação inesperada.
Ao
se deparar com o perigo iminente (ou difuso), nossos medos, sobretudo o da
morte, nos levam a tomar decisões irracionais e desproporcionais. A soma das
decisões individuais gera aquilo que se chama pânico e que, se não for
controlado, pode se transformar em caos.
Em
linhas gerais é isso que está acontecendo desde que a epidemia de coronavírus
tomou conta do noticiário e de nossas vidas.
Não
são poucos os que procuram uma explicação, um conforto na religião. Mas a
própria forma do contágio obrigou muitas denominações a suspenderem os cultos
públicos, para evitar aglomerações.
Como
as religiões estão orientando os fiéis nesse período? E, teologicamente, como
elas estão enxergando essa crise mundial?
Catolicismo
No
Concílio Vaticano I, que teve início em dezembro 1869 e terminou em 1870, a
Igreja Católica esclareceu que sua doutrina postula que o ser humano possui duas
luzes que orientam a inteligência: a luz natural da razão e a luz sobrenatural
da fé, de tal forma que uma não pode contradizer a outra.
Muitos
fiéis que questionam o fechamento dos cultos públicos, alegando que em outros
períodos de “peste” a Igreja não agiu dessa maneira, ignoram que as formas de
contágio eram bastante desconhecidas. A Igreja percebe que manter os cultos
públicos poderia expor os grupos de risco (sobretudo os velhinhos) a um
contágio desnecessário.
A
isso soma-se um dos períodos mais fortes do calendário litúrgico que é a
Quaresma, quando a busca pelos sacramentos são mais recorrentes. Por isso, a
Igreja, apesar de não realizar celebrações publicamente, encontrou formas de
não perder o contato com os fiéis.
As paróquias têm multiplicado as formas de
difusão da Missa pela internet e os pedidos de orações pelo fim da epidemia tem
sido constantes. Isso ficou claro pelo próprio exemplo do Papa Francisco,
que rezou praticamente sozinho, na praça da Basílica de São Pedro,
pelo fim da epidemia. O ato foi exibido amplamente pelas redes
católicas de televisão. Ações como essas, sob as mais diversas formas,
difundiram-se pela internet.
A
Igreja Católica não deixou, contudo, de administrar os sacramentos,
principalmente para aquelas pessoas que estão em risco de morte. Quanto às
outras, os prelados pedem cautela, que intensifiquem a oração em família e
aumentem a confiança em Deus. Segundo o pároco da Igreja Santa Isabel, em
Curitiba: “os padres se mantêm disponíveis para atender à população de forma
individual, mas tomamos cuidado porque, devido à nossa ação pastoral, também
podemos transmitir a Covid-19 aos outros”.
Mesmo
com mais de 2000 anos de existência, para a Igreja Católica esse período de
pandemia, segundo o pároco José Carlos, é inédito. “Nesse sentido, a
Igreja olha com a ótica da fé, como na perseguição do Império Romano. Vê como
forma de viver escondidamente sua vida como aconteceu no Japão e outros países
que, mesmo sem padres, levaram a vida cristã adiante. É o momento da ação do
Espírito que suscita no mundo um novo meio de seguir Jesus.”
Em contrapartida, certos setores da Igreja
afirmam que, justamente por ser um período que as pessoas precisam mais de Deus
e dos Sacramentos, o acesso a estes deve ser facilitado.
Não
há uma opinião unânime, dentro da Igreja, sobre o que Deus quer mostrar aos
fiéis com essa pandemia. Mas os próprios apelos do clero para que se ore em
família apontam para a necessidade de reaproximar os lares de Deus de uma forma
mais presente e concreta.
Igreja Luterana
A
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil também adotou medidas de
restrição social. E segundo o primeiro vice-presidente da instituição, o Pastor
Odair Braun, “as restrições continuarão, mesmo que o presidente [Jair
Bolsonaro] tenha decretado que as igrejas possam funcionar durante esse
período. Enquanto a OMS não declarar que o pico da pandemia passou, sentimo-nos
responsáveis pela vida das pessoas”.
Os cultos estão sendo transmitidos pela
internet e as igrejas dispõem de sinos que soam às 9 horas da
manhã dos domingos para que os fiéis possam celebrar ao mesmo tempo, em suas
casas, um momento de louvor e oração.
Os
pastores também estão se colocando à disposição para atender individualmente os
fiéis necessitados, preferencialmente por telefone ou internet. “Cada pastor e
pastora está orientado a acompanhar seus fiéis por meio de ligações telefônicas
e contatos via Whatsapp. Atenção especial se dá às pessoas que integram os
grupos de risco. Transmitimos esperança e fortalecimento para as pessoas.
Recordamos a certeza da presença de Deus, apontamos para sua presença ao lado
do seu povo ao longo da história”, aponta o pastor Braun.
Para
os luteranos esse período de crise “é um momento de avaliar, de analisar a
vida, nossa conduta, nossa vida diária. Quais são as prioridades? Como temos
vivido e agido frente à vida que Deus nos concede?”. Períodos como esse nos
colocam em reclusão, e portanto “nos ajudam a valorizar aquilo que significa
vida em comunidade, na presença de irmãos e irmãs”, diz o pastor.
“Não
vemos a pandemia como o cumprimento de uma profecia ou castigo de Deus. É tempo
de parar e pensar como vou conduzir a minha vida quando a crise tiver passado?
Cremos que é um momento especial de todos avaliarmos nossas posições de egoísmo
e individualismo”, conclui.
Igreja Batista
A Primeira Igreja Batista de Curitiba
também suspendeu os cultos públicos e transferiu
as celebrações para o ambiente virtual. Segundo o pastor Victor
França, “com programação maior até do que habitualmente, sem contar as
iniciativas individuais de cada pastor através de suas redes sociais”.
Sobre
a visão teológica do assunto, o pastor não fala em nome da congregação, mas dá
sua opinião. “Deus não manda um castigo, ele permite que essas coisas aconteçam
com algum propósito. Percebemos que o Brasil e as nações em geral precisavam de
um momento de revisão de vida. É um momento de ‘quebrantamento de corações’, de
deixar o orgulho e a arrogância de lado; de ver que o dinheiro não pode comprar
tudo”, diz.
O
período de confinamento tem servido para a conversão de muita gente, segundo o
pastor. “As pessoas estão se voltando para o que é mais importante: para a
família, para a preocupação com o próximo. Muitas pessoas podem conhecer a
Cristo -- elas precisam de esperança”.
Por
outro lado, os pastores não estão se eximindo da responsabilidade que têm com
sua “ovelhas”. “Estamos na linha de frente dessa batalha. Precisamos cuidar do
corpo, da mente e do espírito. Então, temos trabalhado nesse sentido, tomando
as devidas precauções, mas quando é necessário a nossa presença, estamos lá.
Continuamos a fazer velórios, visitar em hospitais, etc”.
O
cuidado com o próximo e a orientação dos fiéis têm sido uma constante para as
diversas igrejas cristãs no Brasil e no mundo. Mas outras religiões também têm
orientado os fiéis sobre sua visão da pandemia.
Outras religiões
Jay Garfield, professor visitante de
filosofia budista na Harvard Divinity School, escreveu um artigo em que ele aponta que uma
das principais doutrinas do budismo é a onipresença do sofrimento. E que
portanto “a atenção ao enorme sofrimento causado pela pandemia pode nos
inspirar a manter essa percepção em nossos corações agora e depois que a
pandemia tiver passado”, servindo para aumentarmos nossa compaixão pelo
próximo.
Para
os budistas existe uma interdependência e uma impermanência constantes no
mundo. A epidemia revelou isso de maneira flagrante. Por isso, segundo
Garfield, “devemos manter essas duas verdades no coração mesmo quando tudo isso
passar”. Isso deve nos ensinar a termos paciência e “reduzirmos nossa tendência
à raiva ou ao desespero, para que possamos responder efetivamente às
necessidades que nos cercam”, conclui ele.
O novo reitor da Grande Mesquita de Paris,
Chems Eddine Hafiz, afirma que os muçulmanos devem fazer suas orações em casa
nesse período e pede que os fiéis “sejam cuidadosos e solidários, juntamente com seus concidadãos,
para combater este vírus”.
Embora as autoridades civis e religiosas
tenham adotado medidas variadas para conter o surto, a mensagem quase sempre foi a mesma: fique em casa,
evite o contato e lave as mãos regularmente.
A própria Meca está fechada durante o período. Um fato
bastante raro, pois a peregrinação ao lugar ao menos uma vez durante a vida do
fiel é considerado um dos pilares do Islã. Contudo, o governo saudita não se
pronunciou ainda sobre o Haj, a principal
peregrinação anual muçulmana a Meca, que neste ano começa no fim de julho.
A maioria dos imãos vê esse vírus como um teste divino para que
toda a Humanidade, incluindo os muçulmanos, retornem ao caminho da
justiça.
Já a União das Congregações Hebraicas
Ortodoxas orientou mulheres, crianças e "homens idosos
e mais fracos com deficiências de saúde" a não irem às sinagogas. A
orientação não foi estendida aos homens saudáveis. Mas em muitos lugares as
sinagogas estão fechando temporariamente, transferindo suas operações
principais -- serviços, aulas -- para as plataformas digitais.
O rabino Shlomo Zalman (Sam) Bregman,
fundador da Jewish Executive Learning Network e um estudioso da Torá
reconhecido internacionalmente, explicou como o judaísmo vê o surto do novo
coronavírus. Segundo ele, “encontramos exemplos da Torá, do Talmude e do
Midrash nos quais Deus às vezes faz uso de fenômenos naturais para chamar nossa
atenção”.
Bregman
afirma que “a tradição judaica ensina que o máximo que podemos fazer é usar
esses momentos como oportunidades para refletir, mergulhar na introspecção e
melhorar como seres humanos”. Para ele, “sempre há sentido na vida, mas é
esperado que você encontre o caminho certo”.
O
confronto com a morte decorrente da pandemia do novo coronavírus tem gerado as
mais diversas respostas das religiões, mas todas apontam para que cada um olhe
para sua vida e veja o que pode melhorar. Talvez a questão mais importante
agora não seja tanto como vamos sair dessa crise, mas quais lições tiraremos
dela.
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